quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Lúpus - Conhecendo a doença

Nas últimas semanas foi divulgada uma notícia na internet sobre a descoberta da cura da doença lúpus por pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos. Liderados pela pesquisadora Dra. Laurence Morel, o novo estudo foi publicado na revista americana Science Translational Medicine e os resultados apresentados mostraram-se muito promissores. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa doença?
O Lúpus, tembém conhecido como LES (Lúpus eritematoso sistêmico), é uma doença auto-imune rara que afeta diversos órgãos e sistemas levando à perda da tolerância imunológica. Na prática o que ocorre é um desequilíbrio do sistema imunológico, levando-o a atacar o próprio organismo, como faria com um vírus ou bactéria que infecta nosso corpo. Essa doença é mais frequente em mulheres jovens e, por apresentar múltiplas formas de manifestação clínica, seu diagnóstico é difícil.
Classificado como uma doença crônica, o Lúpus evolui com períodos de atividade da doença intercalados por períodos em que o paciente apresenta pouco ou nenhum sintoma. Entre os sintomas estão fadiga, febre, dor nas articulações, dificuldades para respirar, dor no peito, dor de cabeça, queda de cabelo, desconforto geral, ansiedade e mal-estar. Por isso, pode haver uma confusão em relação ao diagnóstico na doença, visto que os sintomas são semelhantes aos de diversas outras doenças.
Na tentativa de facilitar o diagnóstico do Lúpus, a Colégio Americano de Reumatologia propôs em 1971 alguns critérios que visavam facilitar a detecção da doença. Todavia até hoje os médicos encontram dificuldades para caracterizá-la, indicando tratamentos para outras doenças. Este fato é gravíssimo, pois o paciente com Lúpus precisa do tratamento correto o quanto antes, principalmente no início da doença, para não ter os sintomas agravados.
E o tratamento do paciente? Por ser uma doença crônica, até o momento não existe uma cura para a doença. O tratamento é realizado através da administração de cortisona, um hormônio esteroide que ajuda no controle das dores, pela capacidade anti-inflamatória. Os corticoides modernos não apresentam efeitos colaterais, como os antigos, que levavam ao aumento da pressão e alta retenção de sal e água no organismo.
Graças aos avanços da tecnologia e da ciência, muitos pesquisadores vêm trabalhando para encontrar a cura de diversas doenças. No caso do Lúpus, a pesquisa da Dra. Morel apresentou bons resultados. O fato que mais chamou a atenção foi a combinação de dois inibidores metabólicos que, juntos, levaram a um retrocesso da doença. Isto sugere que os inibidores metabólicos podem ser uma saída para o tratamento dos pacientes.
Estes resultados são muito animadores! Descobrir uma via de retroceder a doença abre um leque de possibilidades para os próximos anos e serve de base para novos estudos promissores para a doença. É preciso ressaltar que é um processo demorado: da pesquisa científica ao produto no mercado levam-se alguns anos. Porém, é um resultado para ser comemorado. Enquanto isso, existem medicamentos e tratamentos que ajudam no controle da doença, levando maior qualidade de vida aos portadores  de Lúpus.
Para saber mais sobre a doença:

Por Nathalia Brancalleão
Contato: nathalia.brancalleao@usp.br
Referências Bibliográficas:
Sato, E. I., & Leser, P. G. (2001). Lúpus eritematoso sistêmico. Prado F C. Atualização Terapêutica, 1382-7.

Sato, E. I., Bonfá, E. D., Costallat, L. T. L., Silva, N. A. D., Brenol, J. C. T., Santiago, M. B., ... & Vasconcelos, M. (2002). Consenso brasileiro para o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Rev Bras Reumatol, 42(6), 362-70.

Lupus – getting to know the disease!


            In the last few weeks, it has been announced that researches from the University of Florida, in the USA, have discovered the cure for the lupus disease. The new study, whose main author was the researcher Dr. Laurence Morel, was published in the American journal Science Translational Medicine, and its results were very promising. Shall we get to know a little bit about the disease?
            Lupus, also known as SLE (systemic lupus erythematosus), is a rare autoimmune disease that affects several organs and systems and leads to the loss of immune tolerance. What actually occurs is an imbalance of the immune system, making it attack its own organism, as it would do with a virus or a bacterium infecting our body. This disease is more frequent in young women and, since it has many different ways of clinical manifestation, it is hard to make the right diagnosis.
            Classified as a chronic disease, lupus develops both in periods of activity of the disease and in periods in which the person presents few or no symptoms. Among the symptoms are fatigue, fever, joint pain, trouble to breathe, chest pain, hair loss, general discomfort, anxiety and malaise. These symptoms are similar to those of many other diseases, which may be misleading to the diagnosis.
            In the attempt of making it easier to make lupus’ diagnosis, the American College of Rheumatology proposed, in 1971, some criteria that ought to help one detect the disease. However, to this date, doctors find it hard to define it properly, pointing out treatments to other illnesses. This is a very serious problem, since the patient who has lupus needs the right treatment as soon as possible – especially in the beginning of the disease, so that the symptoms will not become worse.
            And what about the treatment? Because it is a chronic disease, there was no cure for it until now. The treatment was made by giving cortisone to the patient, a steroid hormone that helps control pain due to its anti-inflammatory capacity. Modern corticoids do not present side effects, as the old ones did – they led to high pressure and high retention of salt and water in the organism.
            Thanks to the progress of science and technology, many researches have been working to find the cure to several diseases. As for lupus, Dr. Morel’s research has shown good results. The most interesting fact was the combination of two metabolic inhibitors that, together, led to a regression of the illness. This suggests that metabolic inhibitors may be a solution for the treatment of these patients.
            These results are very encouraging! Discovering a way to make the disease recede opens a whole range of possibilities for the next years and serves as a basis to new promising studies. We need to point out that this is a slow process – it takes a few years to go from scientific research to product in the market. Nonetheless, this is a result to be celebrated. Meanwhile, there are medicines and treatments that help control the disease, bringing a better quality of life to those who have lupus.
If you want to know more about the disease (in English):
(in Portuguese):
http://disciplinas.stoa.usp.br/pluginfile.php/197332/mod_resource/content/1/Texto%20LES%204o%20ano.pdf

Written by Nathália Brancalleão
Translated by Thomaz Offrede

References:
Sato, E. I., & Leser, P. G. (2001). Lúpus eritematoso sistêmico. Prado F C. Atualização Terapêutica, 1382-7.

Sato, E. I., Bonfá, E. D., Costallat, L. T. L., Silva, N. A. D., Brenol, J. C. T., Santiago, M. B., ... & Vasconcelos, M. (2002). Consenso brasileiro para o tratamento do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Rev Bras Reumatol, 42(6), 362-70.

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