Pesquisadores
do Departamento de Engenharia de materiais da UFSCar desenvolveram um novo
vidro para ser utilizado na superfície de implantes dentários e ortopédicos o
chamado Biovidro. Esse novo material
bioativo é composto por sílica, cálcio, sódio,
potássio, magnésio e fósforo, os mesmos materiais encontrados no vidro comum, sua
grande diferença consiste em suas propriedades de acelerar a formação de tecido
ósseo, controlar inflamações e a capacidade de facilitar a formação de vasos
sanguíneos.
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Biovidro
Superfície de
titânio recoberto com biovidro. Foto:
C.R. Chinaglia em agência FAPESP
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A bioatividade de um material é medida indiretamente pela
capacidade desse material de reagir com fluidos corpóreos, com água, suor,
plasma, saliva e diretamente por sua capacidade de formar a chamada hidroxipatita,
um componente natural dos ossos e dos dentes, que possui propriedades de
biocompatibilidade e bioatividade e portanto, favorece o crescimento ósseo [1].
A formação dessa camada funciona como uma cola natural, deixando de lado a necessidade
de utilização de colas artificiais em locais de implantes e em alguns casos até
mesmo pode substituir a utilização de pinos.
O biovidro foi desenvolvido no Centro de Ensino,
Pesquisa e Inovação em Vidros (CeRTEV) – um do Centros de Pesquisa, Inovação e
Difusão (CEPIDs), financiados pela FAPESP. O material já passou por teste in vivo em animais e os resultados
indicaram que a fase inicial de osseointegração
de implantes dentários com a superfície coberta pelo novo biovidro foi até uma
vez e meia vezes mais rápida em comparação à implantes sem a superfície coberta
pelo material, confirmando sua capacidade de acelerar o processo de regeneração
de massa óssea e consequentemente a ligação dessas próteses com o tecido ósseo.
Além de ser utilizado na forma de pó para recobrir implantes
dentários e ortopédicos, esse material que é o único biovidro flexível já
produzido, também pode ser utilizado para implantes de ossículos artificiais do
ouvido médio e em próteses oculares - em substituição dos antigos olhos de
vidro – que se cola aos nervos óticos, conseguindo desta forma que o olho,
mesmo sem exercer sua função, seja movimentado da mesma forma que o olho
natural.
A principal diferença entre esse novo biovidro e
os primeiros desenvolvidos na década de 1960 está em alguns elementos químicos
que impedem sua cristalização e o tornam capaz de eliminar bactérias (ação
anti-bactericida). Além disso, através
de manipulações na constituição química do
material, os pesquisadores brasileiros são os primeiros no mundo a conseguirem
desenvolver fibras bioativas longas
e flexíveis, que podem ser utilizadas
para aplicação sobre lesões da pele, lesões ósseas, e também para a fabricação
de microtúbulos que facilitam o processo de regeneração de nervos periféricos [2].
Uma outra grande vantagem da utilização desse material é sua
porosidade, que permite o crescimento do tecido ósseo, além de estimular sua
regeneração. Além disso, a presença de bactericidas na fase inicial do processo
de regenerativo é fundamental, pois um processo infeccioso causado por bactérias
pode causar mudanças no pH e na temperatura do local da cicatrização,
prejudicando o processo de osseointegração.
O próximo passo é iniciar os testes em humanos em parceria
com empresas interessadas na nova tecnologia e esperar a confirmação dos
resultados desse produto que promete revolucionar o mundo das próteses!
Para saber mais sobre a pesquisa acesse:
Por Jaqueline Almeida
jackalmeidajau@hotmail.com
Referências
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