quinta-feira, 9 de abril de 2015

A Importância da Polinização


                                                                                                                                                                     Foto por Jaqueline Almeida


Muitas vezes não paramos para pensar nos serviços que a natureza nos oferece a todo o momento, como por exemplo, a polinização. Esse trabalho gratuito fornecido pelos ecossistemas naturais são os chamados “Serviços Ecossistêmicos”, que não se restringem a processos como a polinização, mas abrangem também os alimentos produzidos pela natureza, os recursos genéticos presentes no ambiente, os processos de purificação de água, regulação do clima e doenças e pragas. São esses serviços também que fornecem suporte para a produção de todos os outros, como a formação de solos, a ciclagem de nutrientes, a fotossíntese, dentre outros. Além disso, dentro dos serviços ecossistêmicos temos também os benefícios culturais, como a geração de conhecimentos, valores educativos, ecoturismo. 
No entanto, esses serviços oferecidos de graça pela natureza muitas vezes são esquecidos. Para confirmar isto basta olharmos como tratamos nossas florestas, rios e animais. Em 1997, um artigo publicado na Nature (Costanza, et al.) revelou  que o preço desses serviços naturais, se estes fossem “feitos” pelo homem, somariam um valor de 33 trilhões de dólares por ano!! O que nos leva a refletir se a destruição de matas, para a abertura de pastagens, realmente é a estratégia mais lucrativa... 
Mesmo com essas informações, as autoridades e a população de maneira geral só se da conta da importância desses serviços quando percebe a falta dele ou quando sentem no bolso o valor do mesmo, como é o caso da falta de chuvas e da polinização, respectivamente. 
A polinização é realizada por mais de 100 mil espécies de invertebrados e por cerca de 1,2 mil vertebrados, como pássaros e mamíferos. Dentro dos invertebrados, as abelhas são o grupo de maior representação, com mais de 20 mil espécies. 
Em números, um estudo realizado (Klein, et. al. 2007) revelou que 87 culturas globais de grande importância dependem da  polinização por animais, enquanto apenas 28 não dependem. Além das espécies cultivadas, existem cerca de 300 mil espécies de flores silvestres que dependem exclusivamente da polinização por insetos. O valor anual estimado deste serviço ecossistêmico na agricultura é de US$ 361 bilhões e considerando a sua necessidade para a manutenção da biodiversidade, seu valor é incalculável. 
Vem sendo observado uma redução do número de polinizadores no campo, principalmente abelhas, devido ao uso excessivo de pesticidas e agrotóxicos nas lavouras. Além dessas substancias, a destruição de florestas e a ausência de corredores ligando os fragmentos restantes, também influenciam na diminuição destas populações. Há registros também de infestação de ácaros (Varroa destructor) nas colônias de  abelhas Apis mellifera, demonstrando uma redução de aproximadamente 30% das colônias no hemisfério norte. 
A redução dos polinizadores pode comprometer a produtividade agrícola e consequentemente a segurança alimentar nas próximas décadas. Por isso, este é um assunto que necessita ser tratado com maior atenção pelas autoridades públicas, para que medidas preventivas sejam tomadas antes que seja tarde demais. 
Para quem tiver interesse sobre o assunto, sugiro que assista ao vídeo com Prof.ª. Dr.ª Vera Imperatriz Fonseca, professora no Instituto Biológico da USP, que desenvolve  estudos sobre polinizadores no Brasil:  https://www.youtube.com/watch?v=82Q50yuSGwY.



Jaqueline R. de Almeida 




Referências: 
[1] Alisson, E. (2014). Força-tarefa internacional fará diagnóstico sobre polinização no mundo. Disponível em: http://agencia.fapesp.br/forcatarefa_internacional_fara_diagnostico_sobre_polinizacao_no_mundo/19859/ 
[2] Costanza,  et al. (1997). The value of the world’s ecosystem services and natural capital. Nature. Vol. 387. Disponível em: http://www.esd.ornl.gov/benefits_conference/nature_paper.pdf 

[3] Klein,  et al.  (2007). Importance of crop pollinators in changing landscapes for world crops. Proc. R. Soc. Lond. B, Biol. Sci.v. 274, p. 303-313. 


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