Neste ano de 2014 que já se
encaminha para o fim tivemos no Brasil, além das eleições, a tão esperada Copa
do Mundo FIFA. Apesar de toda a expectativa mundial pelos jogos propriamente
ditos, confesso que os meus olhos estavam voltados para o pontapé inicial da
Copa no 1º jogo, entre Brasil e Croácia, que seria dado por uma pessoa
paraplégica usando um exoesqueleto construído por um grupo de cientistas, feito
inédito no mundo até então.
Apesar de toda a
“politicagem” e, na minha opinião, insensibilidade da FIFA, que transmitiu o
acontecimento que já estava limitado a um pequeno espaço na lateral do campo
por somente 5 segundos, creio que o esforço de jogador de futebol algum foi
maior do que o dos pesquisadores do projeto “Andar de novo” (Walk Again,
em inglês). É sobre este projeto e o grande avanço que ele nos trouxe que vou
dedicar esse texto. Se você, caro leitor, não viu o momento do pontapé inicial
da Copa, aqui está o vídeo da transmissão.
O projeto encabeçado pelo
neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, com a participação de mais 156
pesquisadores de vários países, começou bem antes da Copa no Brasil. Com ajuda
financeira de entidades públicas e de iniciativas privadas, o objetivo era que
uma pessoa paraplégica “voltasse a andar”, dando o chute inicial da Copa do
Mundo. Em 17 meses eles construíram um exoesqueleto de aproximadamente 70
kg com auxílio de peças robóticas e tecnologias bem novas, como impressoras 3D.
É o primeiro exoesqueleto do mundo que
utiliza as atividades cerebrais para gerar os movimentos, o que eles chamam de uma interação cérebro-máquina.
Os sensores do exoesqueleto captam sinais do cérebro através de uma toca de
eletrodos que fica na cabeça do paciente e depois é que a movimentação das
pernas ocorre, com a ajuda do exoesqueleto que executa a ação. Com o tempo e
através da interação frequente corpo-máquina, o cérebro gera uma ilusão de que
as pernas estão se mexendo e caminhando enquanto o paciente usa o exoesqueleto.
Depois de todos os testes terem obtido
êxito, um dos pacientes voluntários da pesquisa foi então escolhido entre os 14
participantes que já tinham testado o equipamento para chutar a primeira bola
na Copa com o auxílio da veste robótica, fato que pode ser considerado uma
grande realização para a ciência!
Apesar do sucesso científico já
conseguido, em longo prazo os cientistas do grupo de Nicolelis querem ainda
aperfeiçoar a máquina e fazer com que a mesma capte de forma mais precisa os
sinais elétricos transmitidos pelo cérebro do paciente. Além disso, para que os
pacientes se sintam mais confortáveis eles pretendem também deixar a veste mais
leve para que possa ser usada literalmente como uma roupa.
Todos os resultados são publicados em
revistas científicas e o pontapé na abertura da Copa foi uma forma de aproximar
ciência e população, ao se mostrar esse grande avanço científico em um evento
de alcance mundial.
Segundo Nicolelis, a pesquisa tem muito
a crescer e com certeza ajudará muitas pessoas que não têm mais a capacidade de
andar, o que melhora inegavelmente a qualidade de vida delas. É um verdadeiro gol
de placa da ciência!
Se você caro leitor, assim como eu, se
interessa pelo assunto, abaixo estão alguns links com mais informações a respeito.
Deixe também seus comentários e dúvidas na nossa página!
Por fim, deixo uma frase
que li sobre o tamanho avanço científico resultado pela pesquisa (parafraseando
Neil Armstrong): “Um pequeno pontapé para o homem, um grande passo para a
ciência mundial!”.
Até a próxima!
Nathália de Moraes
Fale com a pesquisadora: nathalia.esalq.bio@gmail.com
Referências:
[1] TV Globo. (2014). Miguel Nicolelis explica como funciona o
exoesqueleto (vídeo). Disponível em: http://globotv.globo.com/t/programa/v/miguel-nicolelis-explica-como-funciona-o-exoesqueleto/3447101/
[2] Release digital. (2014). Informações sobre o projeto Andar de novo. Disponível em: http://www.releasedigital.com.br/aasdap-iinn-els
[3] Nicolelis lab é um site que apresenta de forma dinâmica
informações sobre os estudos desenvolvidos pelo pesquisador com notícias,
entrevistas e vídeos. Disponível em: http://www.nicolelislab.net/
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