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sexta-feira, 25 de setembro de 2015
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Os desafios de divulgar ciência
Amanhã comemoraremos um ano de lançamento do nosso blog de divulgação científica. Ao longo desse ano, trabalhamos bastante e aprendemos muito! Esperamos que vocês também tenham aprendido e que ciência seja um assunto mais interessante a cada dia. Para comemorar esta data, lançaremos nossa nova página criada pela nossa nova parceira, a Talq.
A matéria de hoje trata de um assunto muito importante para nós: “Os desafios de divulgar ciência”. Historicamente, cientistas já foram considerados como os “produtores de conhecimento” enquanto que o público leigo era apenas um conjunto de “consumidores” de informações. Essa relação já teve uma estrutura hierárquica muito forte, com uma certa noção de superioridade com relação aos cientistas. Esse tipo de relação dificulta muito o diálogo, pois distancia cientistas do público.
A matéria de hoje trata de um assunto muito importante para nós: “Os desafios de divulgar ciência”. Historicamente, cientistas já foram considerados como os “produtores de conhecimento” enquanto que o público leigo era apenas um conjunto de “consumidores” de informações. Essa relação já teve uma estrutura hierárquica muito forte, com uma certa noção de superioridade com relação aos cientistas. Esse tipo de relação dificulta muito o diálogo, pois distancia cientistas do público.
Felizmente, essa relação tem mudado para um modelo mais circular. Pesquisadores estudam e divulgam suas descobertas para o público que se apropria do conhecimento, podendo aplicá-lo e gerando demanda de novas pesquisas. Esse público pode ser composto, por exemplo, de políticos que estejam discutindo um projeto de lei; líderes de empresas e organizações que podem começar a usar uma nova tecnologia; crianças e adolescentes na escola; a população em geral que necessita de conhecimento sobre doenças ou nutrição; cientistas especializados em outras áreas e que podem ter interesse em trabalhos interdisciplinares; dentre diversas outras possibilidades [1].
Existem várias barreiras que dificultam a comunicação entre pesquisadores e público. Uma delas é o mito de que pesquisadores são pessoas especiais, mais inteligentes e detentores do conhecimento. Esse mito já levou cientistas a temerem divulgar ciência, porque se todos entendessem a pesquisa, esse status de superioridade poderia ser perdido. Outra barreira é o pensamento de que a ciências é uma coisa difícil, muito complicada para ser entendida e aplicada por quem não é cientistas.
Também existe a dificuldade que cientistas têm de se comunicar com quem não conhece os termos técnicos e o jargão da área de conhecimento. Desde o início da carreira científica, os estudantes são treinados para escrever de forma impessoal, em um formato rígido e nada familiar para o público em geral. Mudar a forma de se comunicar pode ser um grande desafio. Existe também uma pressão das universidades e agências que financial as pesquisas para que os pesquisadores publiquem em revistas de alto impacto científico, mas ainda há pouco reconhecimento do valor da divulgação. Isso tem mudado lentamente nos últimos anos, mas ainda temos muito a melhorar! Finalmente, há uma grande limitação de recursos humanos e financeiros tanto para capacitação de cientistas e jornalistas para divulgação de conteúdo científico, como para financiamento de projetos de divulgação.
Um dos maiores desafios em países em desenvolvimento ainda é fazer a ciência e a tecnologia serem partes essenciais para cultura da população [2]. O acesso ao conhecimento deveria ser visto por todos como sinônimo de desenvolvimento, bem estar e qualidade de vida. Existem diversos grupos espalhados pelo mundo fazendo divulgação científica de qualidade e torcemos para que isso continue aumentando. Nós, do Ciência Informativa, acreditamos que o acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos é um direito de todos e vamos continuar trabalhando para encurtar as distâncias entre pesquisadores e o público.
Se você é um pesquisador, por que não divulgar a “sua ciência” para todos? Se você acha que é muito difícil escrever, nós faremos de tudo para te ajudar!
Se você é um dos nossos queridos leitores, continue nos acompanhando e sugira temas que te interessem! A final, nosso objetivo é levar a informação até você!
Gostaríamos de agradecer profundamente a todos que têm nos acompanhado nesse nosso primeiro ano de muito aprendizado e também a todos que contribuíram com textos.
Confira amanhã quem serão os sortudos que receberão os micróbios gigantes de pelúcia!
Muito obrigada!
por Patricia Sanae Sujii
em nome da equipe Ciência Informativa
Referências
[1] Felt, U. (2000). Why should the public ‘understand’science? A historical perspective on aspects of the public understanding of science. Between Understanding and Trust: The Public, Science and Technology, London: Routledge.
[2] Martinez, E. (1999). Boosting public understanding of science and technology in developing countries. In World Conference on Science.
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Etanol 2G
A utilização de biocombustíveis - combustível
produzido a partir de matéria orgânica –apresenta-se como uma possível
alternativa ao consumo de combustíveis fósseis que, por não serem renováveis, são
passíveis de esgotamento. Além disso, a utilização de biocombustíveis representa
uma menor liberação de gases ligados ao efeito estufa, principalmente pelo fato
de fixarem carbono durante seu crescimento, apresentando-se como uma
alternativa para a mitigação do aquecimento global.
O principal biocombustível utilizado
no Brasil é o etanol obtido a partir do processo de fermentação do caldo de cana-de-açúcar.
As leveduras são os micro-organismos responsáveis pelo processo de fermentação,
onde utilizam o açúcar da cana para obter energia e liberam o etanol como
produto desta reação. Nos tanques de fermentação (também conhecido como dornas)
há a adição do caldo tratado de cana-de-açúcar e leveduras. Ao final do
processo, haverá a formação do vinho, onde estarão presentes o etanol, açúcares
não fermentados, entre outros produtos. Finalmente, para a obtenção apenas do
etanol é necessário a realização da destilação, método físico de separação de
misturas homogêneas. Esse é o álcool combustível que poderá ser utilizado nos
nossos automóveis.
Apesar de o processo de geração de
etanol ser eficiente, o grande problema consiste na geração de biocombustível
suficiente para suprir as necessidades de um país. Ainda é necessário que se
aumente a área cultivada com a cultura de cana-de-açúcar no Brasil, área esta que
não é pequena – mais de 10 milhões de hectares. No entanto, o aumento da área
cultivada para produção de biocombustível pode significar uma redução na área
utilizada para alimentação. Pensando nesta problemática, desenvolveu-se etanol
de 2ª Geração, ou 2G.
O etanol 2G é obtido a partir das
sobras do processo de produção do etanol comum, ou seja, o bagaço resultante da
moagem da cana e parte da palha (folhas de cana-de-açúcar). Existem ainda
processos de obtenção de 2G que conseguem reutilizar o vinho destilado
resultante do primeiro processo.
O processo de obtenção de etanol a
partir das “sobras” é possível graças à preparação deste material. A primeira
etapa consiste no pré-tratamento, que alterará fatores estruturais e a
composição química do bagaço, além de modificar fatores da estrutura da
celulose. Com o material resultante, será realizado um processo de hidrólise
enzimática (quebra de moléculas na presença de água) que torna a celulose (um
dos açúcares presentes no material) em açúcar fermentável. A mesma levedura que
é responsável pelo processo de fermentação do caldo de cana-de-açúcar poderá
fermentar os açúcares gerados da preparação do bagaço.
Como comentei, existem outros
processos que podem ser utilizados para a obtenção do etanol 2G, como a reutilização
do vinho fermentado. Para esse processo é necessário a utilização de leveduras
geneticamente modificadas, que apresentam a capacidade de fermentar os açúcares
que as leveduras tradicionalmente utilizadas no processo não possuem.
Já avançamos muito na tecnologia de obtenção
de etanol de 2ª geração, mas ainda estamos engatinhando nessa área. A celulose,
açúcar que é solubilizado pela hidrólise enzimática, representa apenas 30% dos
açúcares presentes no bagaço; os outros 70% (hemiceluloses e pectinas) ainda saem
do processo intactos.
Quem quiser informações mais
detalhadas sobre os trabalhos realizados na área de otimização do processo de
geração de etanol de 2ª geração pode acessar:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/entre-acucares-e-genes/
http://www.raizen.com.br/energia-do-futuro-tecnologia-em-energia-renovavel/etanol-de-segunda-geracao
Jaqueline Almeida
Referências:
[1] Begcy, K. et
al. (09/2012). A novel stress-induced sugarcane gene conferstolerance
to drought, salt and oxidative stress in transgenic tobacco plants. Plos One.
[2] E Souza, A.P. et al.; (09/2012).
Composition and structure of sugarcane cell walls: implications for cell wall
hydrolysis and second generation bioethanol. BioEnergy
Research.
[3] Latarullo, M.B.G.; (Sem data). O desafio do Bioetanol.
Acessado de: http://www.icb.usp.br/bmm/ext/index.php?option=com_content&view=article&catid=12%3Ageral&id=162%3Aetanol-de-segunda-geracao&lang=br
em agosto de 2015.
[4] Produção de etanol de 2ª Geração por hidrólise.
Acessado de: http://www.novacana.com/etanol/producao-por-hidrolise/
em agosto de 2015.
[5] Rosa, S.E.S; Garcia,
J.L.F.; (12/2009). O
etanol de segunda geração: limites e oportunidades. Acessado de: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/rev3204.pdf em agosto de 2015.2G Ethanol
The use
of biofuels – fuels produced from organic matter – is a possible alternative to
the use of fossil fuels, which, because they are not renewable, may run out in
the future. Besides that, the use of biofuels corresponds to a smaller
production of gases related to the greenhouse effect, mainly because they fixate
carbon during their growth. Thus, they are an alternative for the mitigation of
global warming.
The
main biofuel used in Brazil is the ethanol obtained from the process of
fermentation of sugarcane juice. Yeasts are the microorganisms responsible for
the process of fermentation, in which they use the sugar to obtain energy and
release ethanol as a product of the chemical reaction. The yeasts and the
sugarcane juice are joined together in fermentation tanks. At the end of the
process, there is wine, where we can find the ethanol, non-fermented sugars,
among other products. Finally, in order to obtain only ethanol, we need to perform
a distillation, which is a physical method of separation of homogeneous
mixtures. That substance is the alcohol fuel that can be used in our cars.
Even
though the production of ethanol is efficient, producing enough biofuel for the
whole country is very difficult. We still need to expand the area under
cultivation of sugarcane in Brazil – an area that is not small at all: over 10
million hectares. However, an increase in the area cultivated for the
production of biofuels may mean a decrease
in the area used for food. With this concern in mind, second-generation
(2G) ethanol has been developed.
2G
ethanol is obtained from the waste of the production of regular ethanol, that
is, the bagasse that results from the grinding process of the cane and of part
of the straw (sugarcane leaves). There are also processes of 2G ethanol
production that manage to re-use the distilled wine that results from the first
process.
The
process of production of ethanol from the “waste” is possible thanks to the
preparation of this material. The first step consists in the pre-treatment,
which alters structural factors and the chemical composition of the bagasse,
and also changes factors of the structure of cellulose. With the resulting
material, a process called enzymatic hydrolysis happens – breaking of molecules
in the presence of water –, which transforms the cellulose – one of the sugars
present in the material – into fermentable sugar. The same yeast responsible
for the fermentation process of sugarcane juice can ferment the sugars
generated in the preparation of the bagasse.
As I
have mentioned, there are other processes that can produce 2G ethanol, such as
the re-utilization of fermented wine. This process requires genetically
modified yeasts, since they are able to ferment sugars – an ability that yeasts
traditionally used do not have.
We
have already developed very much the technology for production of 2G ethanol,
but we are still taking baby steps in this field. Cellulose, a sugar that is
solubilized by the enzymatic hydrolysis, only represents 30% of the sugars
present in the residue; the other 70% – hemicelluloses and pectins – still stay
intact during the whole process..
If you want more detailed
information about the optimization of the production process of 2G ethanol (in
Portuguese), you can click these links:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/entre-acucares-e-genes/ http://www.raizen.com.br/energia-do-futuro-tecnologia-em-energia-renovavel/etanol-de-segunda-geracao
Translated by Thomaz Offrede
References
[1] Begcy, K. et al. (09/2012). A novel stress-induced sugarcane gene
conferstolerance to drought, salt and oxidative stress in transgenic tobacco
plants. Plos One.
[2] E Souza, A.P. et
al.; (09/2012). Composition and structure of sugarcane cell walls: implications
for cell wall hydrolysis and second generation bioethanol. BioEnergy
Research.
[3] Latarullo, M.B.G.; (Sem data). O desafio do Bioetanol.
Acessado de: http://www.icb.usp.br/bmm/ext/index.php?option=com_content&view=article&catid=12%3Ageral&id=162%3Aetanol-de-segunda-geracao&lang=br
em agosto de 2015.
[4] Produção de etanol de 2ª Geração por hidrólise.
Acessado de: http://www.novacana.com/etanol/producao-por-hidrolise/
em agosto de 2015.
[5] Rosa, S.E.S; Garcia, J.L.F.; (12/2009). O etanol de
segunda geração: limites e oportunidades. Acessado de: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/rev3204.pdf em agosto de 2015.
quinta-feira, 10 de setembro de 2015
De fêmea para macho (e vice-versa)
Nessa última matéria da série sobre a incrível variação encontrada nas relações entre os gêneros na natureza, vamos conhecer mais sobre o hermafroditismo sequencial. Um organismo hermafrodita é aquele que possui tanto órgãos reprodutores masculinos como femininos. Diferente do hermafrodita simultâneo que tem ambos os órgãos reprodutores funcionais ao mesmo tempo, o hermafroditismo sequencial ocorre quando o indivíduo é capaz de mudar de sexo ao longo da vida. O hermafroditismo sequencial pode ser encontrado em plantas, gastrópodes (como lesmas e caramujos) e peixes. Para saber mais sobre o hermafroditismo simultâneo, leia a segunda matéria da série (link).
Existem algumas espécies de peixe em que a mudança ocorre apenas de fêmea para macho. Esse tipo de hermafroditismo é chamado protoginia e é o mais comum entre os peixes. Os bodiões são um grupo de peixes em que a protoginia ocorre. O bodião de cabeça azul (veja a foto abaixo) vive em haréns, que são organizações sociais compostas por um grupo de fêmeas, seus filhotes e um macho dominante. Dentro do harém, também existe uma hierarquia entre as fêmeas, em geral determinada pelo tamanho do animal; desta forma o maior peixe é o dominante. Nesse grupo, quando o macho morre, a fêmea dominante muda para o sexo masculino e o peixe que era a segunda fêmea na hierarquia se torna a dominante.
Existem algumas espécies de peixe em que a mudança ocorre apenas de fêmea para macho. Esse tipo de hermafroditismo é chamado protoginia e é o mais comum entre os peixes. Os bodiões são um grupo de peixes em que a protoginia ocorre. O bodião de cabeça azul (veja a foto abaixo) vive em haréns, que são organizações sociais compostas por um grupo de fêmeas, seus filhotes e um macho dominante. Dentro do harém, também existe uma hierarquia entre as fêmeas, em geral determinada pelo tamanho do animal; desta forma o maior peixe é o dominante. Nesse grupo, quando o macho morre, a fêmea dominante muda para o sexo masculino e o peixe que era a segunda fêmea na hierarquia se torna a dominante.
Bodião de cabeça azul (fonte: Wikipedia) |
Existem outras espécies de peixes que também são capazes de trocar de sexo de fêmea para macho, mas não têm o comportamento de formar haréns. Com uma estrutura social menos rígida, os mecanismos responsáveis pela mudança de sexo também podem ser mais flexíveis. O Thalassoma duperrey é outra espécie de bodião (veja a foto abaixo) que vive no arquipélago do Havaí e faz parte deste grupo. Neste caso, o estímulo que leva à mudança de sexo é a proporção de peixes grandes e pequenos no grupo que vive no local. Então a presença de muitos peixes pequenos estimula a mudança de algumas fêmeas para macho e a presença de muitos peixes grandes inibe essa mudança. [1]
Thalassoma duperrey (Fonte: https://www.flickr.com/people/maynard/) |
Outro tipo de hermafroditismo sequencial é a protandria, em que um indivíduo nasce como macho e se transforma em fêmea ao longo da vida. Um exemplo de espécie com esse comportamento é o peixe palhaço, a espécie do Nemo (foto). O peixe palhaço faz uma associação simbiótica (benéfica para ambos) com anêmonas e vive em grupos sociais compostos em geral por dois adultos sexualmente ativos (um macho e uma fêmea) e entre um e três peixes jovens. Para saber mais sobre simbiose, leia o box.
Normalmente, todos os peixes-palhaço nascem com células imaturas de ambos os órgãos reprodutores masculino e feminino. Ao longo da vida, ocorre o desenvolvimento e amadurecimento dos órgãos reprodutivos em diferentes fases. Inicialmente, os órgãos masculinos se tornam maduros e os femininos continuam sem se desenvolver, então o peixe é funcionalmente um macho. Após esse período, o peixe entra na fase de transição, em que os órgãos femininos se desenvolvem, mas ainda não há produção de óvulos. Finalmente, os órgãos masculinos de degeneram e os óvulos começam a ser produzidos, então o peixe se torna uma fêmea. Em cada grupo, ou seja, em cada anêmona, o maior peixe é a fêmea. Quando a fêmea morre, o macho reprodutivo se torna uma fêmea e o segundo maior macho se torna o macho reprodutivo. Essa associação entre o sistema social, o ciclo de vida e a reprodução do peixe-palhaço pode ser considerada uma adaptação às condições adversas do ambiente, em que há muitos predadores e poucas anêmonas próximas umas das outras. [2]
Com isso, chegamos ao fim desta série de textos. Continue nos acompanhado e descubra mais sobre a natureza. Se existe um tema que te interessa e você quer entender melhor, escreva pra nós e mande sua sugestão!
Normalmente, todos os peixes-palhaço nascem com células imaturas de ambos os órgãos reprodutores masculino e feminino. Ao longo da vida, ocorre o desenvolvimento e amadurecimento dos órgãos reprodutivos em diferentes fases. Inicialmente, os órgãos masculinos se tornam maduros e os femininos continuam sem se desenvolver, então o peixe é funcionalmente um macho. Após esse período, o peixe entra na fase de transição, em que os órgãos femininos se desenvolvem, mas ainda não há produção de óvulos. Finalmente, os órgãos masculinos de degeneram e os óvulos começam a ser produzidos, então o peixe se torna uma fêmea. Em cada grupo, ou seja, em cada anêmona, o maior peixe é a fêmea. Quando a fêmea morre, o macho reprodutivo se torna uma fêmea e o segundo maior macho se torna o macho reprodutivo. Essa associação entre o sistema social, o ciclo de vida e a reprodução do peixe-palhaço pode ser considerada uma adaptação às condições adversas do ambiente, em que há muitos predadores e poucas anêmonas próximas umas das outras. [2]
Com isso, chegamos ao fim desta série de textos. Continue nos acompanhado e descubra mais sobre a natureza. Se existe um tema que te interessa e você quer entender melhor, escreva pra nós e mande sua sugestão!
Box Simbiose é um tipo relação entre organismos de espécies diferentes em que ambos têm alguma vantagem. As 26 espécies de peixes-palhaço têm esse tipo de relação com 10 espécies de anêmonas. A principal vantagem tanto para o peixe como para a anêmona é a proteção. Os peixes-palhaço produzem um muco que os protege das células urticantes presentes nos tentáculos das anêmonas. Ao mesmo tempo, a presença do peixe-palhaço protege a anêmona do ataque de possíveis predadores. [3] |
por Patricia Sanae Sujii
sujiips@gmail.com
Referências
[1] Ross, R. M., Losey, G. S., & Diamond, M. (1983). Sex change in a coral-reef fish: dependence of stimulation and inhibition on relative size. Science(Washington), 217(4610), 574-576.
[2] Madhu, K., & Madhu, R. (2006). Protandrous hermaphroditism in the clown fish Amphiprion percula from Andaman and Nicobar islands. Indian Journal of Fisheries, 53(4), 373-382.
[3] Fautin, D. G. (1991). The anemonefish symbiosis: what is known and what is not. Symbiosis, 10, 23-46.
[2] Madhu, K., & Madhu, R. (2006). Protandrous hermaphroditism in the clown fish Amphiprion percula from Andaman and Nicobar islands. Indian Journal of Fisheries, 53(4), 373-382.
[3] Fautin, D. G. (1991). The anemonefish symbiosis: what is known and what is not. Symbiosis, 10, 23-46.
From female into male (and vice versa)
In this last article about the incredible variation found in the relation between genders in nature, we will learn about sequential hermaphroditism. A hermaphrodite organism has both male and female reproductive organs. As opposed to the simultaneous hermaphrodite, which has both reproductive organs functional at the same time, sequential hermaphroditism happens when the individual is capable of changing its sex throughout its life. Sequential hermaphroditism can be found in plants, gastropods (such as slugs and snails) and fish. In order to learn more about simultaneous hermaphroditism, you can read the second article of the series (link).
There are some species of fish in which the change occurs only from female to male. This type of hermaphroditism is called protogyny and is the most common one among fish. Wrasse (see picture) live in harems, which are social organizations composed by a group of females, their babies, and one dominant male. Inside the harem, there is also a hierarchy among the females, generally defined according to their sizes – the biggest fish is the dominant one. In this group, when the male dies, the dominant female changes into a male and the individual that was the second in the hierarchy becomes the dominant one.
Wrasse (Photo: Wikipedia) |
There are other fish species that are also able of changing from female into male, but that do not form harems. With a less strict social structure, the mechanisms responsible for sex change can also be more flexible. The Thalassoma duperrey is another species of wrasse (picture bellow) that lives in the archipelago of Hawaii and is a part of this group. In this case, the stimulus that leads to sex change is the proportion of big and small fish present in the group. Thus, the presence of too many small fish leads some females to change into males, and the presence of too many big fish inhibits this change. [1]
Thalassoma duperrey (Photo: https://www.flickr.com/people/maynard/) |
Another type of sequential hermaphroditism is the protandry, in which an individual is born as a male and becomes a female throughout its life. An example of a species with this behavior is the clownfish, Nemo’s species (picture). The clownfish makes a symbiotic association (beneficial for both parts) with anemones and lives in social groups usually composed by two sexually active adults (a male and a female) and from one to three young fish. To learn more about symbiosis, you can read the box below.
Normally, all clownfish are born with immature cells of both male and female reproductive organs. Throughout their lives, these organs develop and are matured in different phases. Initially, the male organs become mature and the female ones do not develop, so the fish is, functionally, a male. After this period, the fish enters the stage of transition, in which the female organs develop, but there is still no production of eggs. Finally, the male organs degenerate and the eggs start being produced, so the fish becomes a female. In each group, that is, in each anemone, the biggest fish is the female. When the female dies, the reproductive male becomes a female and the second biggest male becomes the reproductive male. This association of the social system with the life cycle and the reproduction of the clownfish can be considered an adaptation to adverse conditions in the environment, when there are many predators and few anemones close to each other. [2]
With this, we have come to the end of this series. Keep reading us and learn more about nature. If there is a theme that interests you and that you want to understand better, write to us and send us your suggestion!
Box Symbiosis is a kind of relation between organisms of different species in which both of them are benefited. The 26 species of clownfish have this relation with 10 species of anemones. The main advantage for both the clownfish and the anemone is protection. The clownfish produce mucus that keeps them safe from the urticating cells present in the anemones’ tentacles. At the same time, the presence of clownfish protects the anemones from attacks of possible predators. [3] |
Written by Patricia Sanae Sujii
Translated by Thomaz Offrede
Translated by Thomaz Offrede
References
[1] Ross, R. M., Losey, G. S., & Diamond, M. (1983). Sex change in a coral-reef fish: dependence of stimulation and inhibition on relative size. Science(Washington), 217(4610), 574-576.
[2] Madhu, K., & Madhu, R. (2006). Protandrous hermaphroditism in the clown fish Amphiprion percula from Andaman and Nicobar islands. Indian Journal of Fisheries, 53(4), 373-382.
[3] Fautin, D. G. (1991). The anemonefish symbiosis: what is known and what is not. Symbiosis, 10, 23-46.
[1] Ross, R. M., Losey, G. S., & Diamond, M. (1983). Sex change in a coral-reef fish: dependence of stimulation and inhibition on relative size. Science(Washington), 217(4610), 574-576.
[2] Madhu, K., & Madhu, R. (2006). Protandrous hermaphroditism in the clown fish Amphiprion percula from Andaman and Nicobar islands. Indian Journal of Fisheries, 53(4), 373-382.
[3] Fautin, D. G. (1991). The anemonefish symbiosis: what is known and what is not. Symbiosis, 10, 23-46.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Profissão guardião da vida
No dia 3 de setembro
se comemora no Brasil o “Dia do Biólogo” e creio que essa data na verdade não
deva ser de comemoração apenas para os que se graduaram em ciências biológicas
(assim como eu!), mas para todos aqueles que são verdadeiros amantes e
guardiões das maravilhas da natureza! Então, se você é biólogo formado, em
formação, pensa em ser biólogo ou simplesmente aprecia a natureza, esse texto é
para você! Venha saber um pouco mais sobre a história da biologia!
Assim como a história
das ciências, a história da biologia foi um processo gradativo de construção de
conceitos e conhecimentos, sendo que muito do que em um determinado período foi
considerado “certo” foi provado depois por meio de evidências ser “errado”.
Desta forma, vemos que a biologia não é uma ciência com conhecimentos imutáveis
e eternos. O dogma central da biologia molecular, por exemplo, inicialmente
descrevia que o fluxo único de informação era DNA -> RNA -> proteína, mas
hoje sabemos que de uma molécula de RNA é possível a formação do DNA, graças à
descoberta da enzima transcriptase reversa, formando uma via de “mão dupla”.
Podemos dizer que,
apesar do termo biologia ter sido cunhado apenas no século XIX, possivelmente
por Jean-Baptiste Monet de Lamarck (embora existam divergências quanto a quem
batizou esse nome pela primeira vez) a biologia como forma de estudo dos seres
vivos e do que os rege sempre existiu, pois dessa forma o homem (e por que não
a civilização?) conseguiu lidar com muitas situações que enfrentou na vida: o
conhecimento sobre quais plantas poderiam ser usadas como remédio, veneno ou
comida é tão útil que até os ancestrais do homem moderno – chamados Cro-Magnon
- tinham.
Sabendo das
características biológicas das plantas o homem pôde cultivá-las para se
alimentar e produzir derivados, como a farinha. Podemos dizer que todos esses
conhecimentos foram fundamentais para o estabelecimento da sociedade sedentária
e para a construção das cidades. Os sumérios, por exemplo, se interessavam pela
fisiologia e anatomia humana e produziam remédios com alho, canela e outras
ervas. Os egípcios tinham conhecimentos do corpo humano que permitiram a
mumificação de corpos que os conservaram até hoje. Os chineses fizeram estudos
sobre plantas, animais e outros elementos da natureza como a água e a terra.
Na Grécia antiga foi
onde viveu Aristóteles, que foi considerado o primeiro grande biólogo. Além dos
primeiros estudos de classificação dos animais, ele chegou a dissecar moluscos,
cetáceos e até morcegos. Seus desenhos impressionaram até Charles Darwin!
Muitos séculos
depois, nos anos DC (depois de Cristo) tivemos a contribuição de grandes
pessoas para o desenvolvimento da biologia. Antes chamados de naturalistas –
pois eram estudiosos da história natural – eles fizeram observações que moldaram
novos conhecimentos. Não podemos deixar de citar Charles Darwin com os estudos
de evolução e origem das espécies e o monge Gregor Mendel com os estudos em
genética.
A partir dos anos 1950,
a biologia sofreu muitos avanços e em uma velocidade muito grande: passamos
pela descoberta da estrutura do DNA por James Watson e Francis Crick, dos
elementos genéticos móveis por Barbara McClintock até chegarmos na clonagem da
ovelha Dolly em 1997 e no sequenciamento do genoma humano em 1999. Todos esses
eventos levam alguns pesquisadores a afirmarem que vivemos no advento da
biologia molecular.
A biologia como um
todo da forma que hoje conhecemos envolve ainda outros ramos como a botânica, zoologia,
fisiologia, ecologia, anatomia, genética, microbiologia... Enfim, muitas áreas
para estudar, aventurar-se e apaixonar-se. O símbolo do curso de ciências
biológicas, que foi regulamentado no Brasil somente em 1979, tenta abranger
toda essa abundância de áreas que a biologia compreende (veja mais nesse link).
Como podemos ver a
biologia surgiu há muitos séculos e os conhecimentos biológicos foram muito
importantes para o estabelecimento da sociedade humana. Hoje em dia não só os
biólogos, mas todos que se preocupam com a natureza também têm a
responsabilidade de entender e preservar todas as formas de vida, pois sabemos
o quanto isso é importante. Por isso, no dia do
biólogo, vamos celebrar a beleza da vida e a importância de nosso papel
como guardiões/protetores da natureza!
Imagem 1: imagens do vídeo da BBC (link abaixo) que mostra parte da diversidade da vida! |
* No texto de hoje
deixo como sugestão um vídeo da BBC que mostra parte da complexidade do que é nosso
objeto de estudo: a VIDA! (imagem 1)
Por Nathália de Moraes
nathalia.esalq.bio@gmail.com
Referências bibliográficas
[1] Martins, L.A.P.
(1998). A história da ciência e o ensino da biologia. Jornal semestral do Grupo
de Estudo e Pesquisa em Ciência e Ensino. 5.
[2] Menezes, O. B.
(1986). Origem do termo biologia. Sitientibus.
3 (6): 63-69.
[3] Dalgalarrondo,P.
(2009) A evolução do cérebro. Editora Artmed. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=15P5_80ClGgC&pg=PA34&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false
[4] Araújo, M. F. F.
(2012). História da biologia. Natal: EDUFRN. 2ª ed. Disponível em: http://sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/site/pdf/biologia/Hist_Bio_LIVRO_IVA_WEB_071112.pdf
[5] Wikipédia.
(2015). Cronologia de história da biologia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_de_hist%C3%B3ria_da_biologia
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Recordar é viver!
O mês está nostálgico
para nós do Ciência
Informativa. Foi um ano de muito trabalho, muitas conquistas, muitos temas!
Tivemos colaboradores, realizamos palestras, tivemos inúmeras
reuniões, trocamos incontáveis e-mails e o mais importante: fizemos novos amigos,
vocês, nossos queridos leitores!
Como recordar é viver,
vamos relembrar alguns momentos do nosso blog! A começar pela
inauguração, junto com o Workshop de Biossegurança e Responsabilidade na Pesquisa da ASM.
Workshop de Biossegurança e Responsabilidade na Pesquisa (ASM) seguido do lançamento do blog Ciência Informativa. |
Dentre os diversos temas
abordados, o texto “Florestas são importantes ‘apenas’ para evitar racionamento?” da Patricia Sujii
repercutiu grandemente, refletindo a importância e atualidade do tema. A crise hídrica tem
afetado muitas cidades e tornou-se motivo de preocupação para empresas e
cidadãos. Outro texto, da colaboradora Bruna Durante, chamou muita atenção por abordar “Bactérias como fertilizantes naturais de plantas”, um
assunto que gera interesse na população, uma vez que é uma
alternativa aos fertilizantes químicos que podem causar danos ao meio ambiente.
Outro tema, sugestão de um
dos nossos leitores e que mostrou-se ser muito atual foi “AIDS. Da
descoberta da doença à descoberta
da origem” de Nathália de Moraes. Uma doença que afetou e afeta muitas pessoas, ainda desperta muita
curiosidade. Como pensamos muito na nossa saúde, outro texto que repercutiu grandemente em nosso blog
foi “Ciência Informativa discute: Mosquistos Transgênicos” de Patricia
Sujii. Os números da dengue quebraram recordes esse ano e uma das
alternativas de controle para a mesma foi a inserção de mosquistos transgênicos na cidade de
Piracicaba.
O Ciência também abordou questões
da nossa vida prática, como “Alimentação Saudável x Alimentação
Sustentável:
Qual a diferença?” da Nathália Brancalleão. Fala-se muito sobre esses dois conceitos atualmente
e, apesar da aparente similaridade nos conceitos, eles fazem referência a ações muito
diferentes. E no texto “As novas descobertas da ciência e o Câncer de Pele” de Jaqueline Almeida, relembramos a importância do
cuidado à exposição ao
sol.
Tivemos textos temáticos
sobre Comunicação da Nathália de
Moraes e, mais recentemente, sobre Comportamento animal e sexualidade da Patricia
Sujii. Tivemos ainda, um mês inteiro voltado aos micro-organismos! Em julho,
iniciamos nossas publicações também em inglês, visando expandir ainda mais o número de
pessoas atingidas pelo nosso blog! E para essa tarefa, ganhamos mais um membro,
Thomaz Offrede!
E como não lembrar a entrevista ao TV USP? Ou do nosso primeiro
Workshop sobre divulgação científica, que contou com alunos de graduação de
diferentes faculdades do país?
Quem escreve aqui é Maria Letícia, responsável pela correção e edição dos textos que a Jack, Nathy,
Na e Patricia dedicam-se tanto para escrever. Com o fechamento
deste primeiro ano, ficam as expectativas para um novo ano, com novos projetos,
novos desafios, novos temas e colaboradores.
Este mês, estamos em festa!
Venha comemorar com a gente!!
Abraços,
Equipe Ciência Informativa
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Ciência Informativa faz um ano e quem ganha presente é você!
Em um mês, o Ciência Informativa vai fazer um aninho de idade! Para comemorar, vamos lançar nossa nova página na internet (aguardem!!) e vamos presentear nossos queridos leitores! :D
Por isso, nossos mascotes preferidos estão de volta - sortearemos 3 micróbios gigantes, um para cada pessoa!
Para participar é muito fácil, curta a nossa página no facebook e compartilhe a postagem sobre essa promoção (não se esqueça de colocar no modo público). Anunciaremos os vencedores no dia do nosso aniversário de um ano, 25 de setembro!
Comemore com a gente essa conquista :D
Por isso, nossos mascotes preferidos estão de volta - sortearemos 3 micróbios gigantes, um para cada pessoa!
Para participar é muito fácil, curta a nossa página no facebook e compartilhe a postagem sobre essa promoção (não se esqueça de colocar no modo público). Anunciaremos os vencedores no dia do nosso aniversário de um ano, 25 de setembro!
Comemore com a gente essa conquista :D
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