A utilização de biocombustíveis - combustível
produzido a partir de matéria orgânica –apresenta-se como uma possível
alternativa ao consumo de combustíveis fósseis que, por não serem renováveis, são
passíveis de esgotamento. Além disso, a utilização de biocombustíveis representa
uma menor liberação de gases ligados ao efeito estufa, principalmente pelo fato
de fixarem carbono durante seu crescimento, apresentando-se como uma
alternativa para a mitigação do aquecimento global.
O principal biocombustível utilizado
no Brasil é o etanol obtido a partir do processo de fermentação do caldo de cana-de-açúcar.
As leveduras são os micro-organismos responsáveis pelo processo de fermentação,
onde utilizam o açúcar da cana para obter energia e liberam o etanol como
produto desta reação. Nos tanques de fermentação (também conhecido como dornas)
há a adição do caldo tratado de cana-de-açúcar e leveduras. Ao final do
processo, haverá a formação do vinho, onde estarão presentes o etanol, açúcares
não fermentados, entre outros produtos. Finalmente, para a obtenção apenas do
etanol é necessário a realização da destilação, método físico de separação de
misturas homogêneas. Esse é o álcool combustível que poderá ser utilizado nos
nossos automóveis.
Apesar de o processo de geração de
etanol ser eficiente, o grande problema consiste na geração de biocombustível
suficiente para suprir as necessidades de um país. Ainda é necessário que se
aumente a área cultivada com a cultura de cana-de-açúcar no Brasil, área esta que
não é pequena – mais de 10 milhões de hectares. No entanto, o aumento da área
cultivada para produção de biocombustível pode significar uma redução na área
utilizada para alimentação. Pensando nesta problemática, desenvolveu-se etanol
de 2ª Geração, ou 2G.
O etanol 2G é obtido a partir das
sobras do processo de produção do etanol comum, ou seja, o bagaço resultante da
moagem da cana e parte da palha (folhas de cana-de-açúcar). Existem ainda
processos de obtenção de 2G que conseguem reutilizar o vinho destilado
resultante do primeiro processo.
O processo de obtenção de etanol a
partir das “sobras” é possível graças à preparação deste material. A primeira
etapa consiste no pré-tratamento, que alterará fatores estruturais e a
composição química do bagaço, além de modificar fatores da estrutura da
celulose. Com o material resultante, será realizado um processo de hidrólise
enzimática (quebra de moléculas na presença de água) que torna a celulose (um
dos açúcares presentes no material) em açúcar fermentável. A mesma levedura que
é responsável pelo processo de fermentação do caldo de cana-de-açúcar poderá
fermentar os açúcares gerados da preparação do bagaço.
Como comentei, existem outros
processos que podem ser utilizados para a obtenção do etanol 2G, como a reutilização
do vinho fermentado. Para esse processo é necessário a utilização de leveduras
geneticamente modificadas, que apresentam a capacidade de fermentar os açúcares
que as leveduras tradicionalmente utilizadas no processo não possuem.
Já avançamos muito na tecnologia de obtenção
de etanol de 2ª geração, mas ainda estamos engatinhando nessa área. A celulose,
açúcar que é solubilizado pela hidrólise enzimática, representa apenas 30% dos
açúcares presentes no bagaço; os outros 70% (hemiceluloses e pectinas) ainda saem
do processo intactos.
Quem quiser informações mais
detalhadas sobre os trabalhos realizados na área de otimização do processo de
geração de etanol de 2ª geração pode acessar:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/10/11/entre-acucares-e-genes/
http://www.raizen.com.br/energia-do-futuro-tecnologia-em-energia-renovavel/etanol-de-segunda-geracao
Jaqueline Almeida
Referências:
[1] Begcy, K. et
al. (09/2012). A novel stress-induced sugarcane gene conferstolerance
to drought, salt and oxidative stress in transgenic tobacco plants. Plos One.
[2] E Souza, A.P. et al.; (09/2012).
Composition and structure of sugarcane cell walls: implications for cell wall
hydrolysis and second generation bioethanol. BioEnergy
Research.
[3] Latarullo, M.B.G.; (Sem data). O desafio do Bioetanol.
Acessado de: http://www.icb.usp.br/bmm/ext/index.php?option=com_content&view=article&catid=12%3Ageral&id=162%3Aetanol-de-segunda-geracao&lang=br
em agosto de 2015.
[4] Produção de etanol de 2ª Geração por hidrólise.
Acessado de: http://www.novacana.com/etanol/producao-por-hidrolise/
em agosto de 2015.
[5] Rosa, S.E.S; Garcia,
J.L.F.; (12/2009). O
etanol de segunda geração: limites e oportunidades. Acessado de: http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/rev3204.pdf em agosto de 2015.
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