No dia 3 de setembro
se comemora no Brasil o “Dia do Biólogo” e creio que essa data na verdade não
deva ser de comemoração apenas para os que se graduaram em ciências biológicas
(assim como eu!), mas para todos aqueles que são verdadeiros amantes e
guardiões das maravilhas da natureza! Então, se você é biólogo formado, em
formação, pensa em ser biólogo ou simplesmente aprecia a natureza, esse texto é
para você! Venha saber um pouco mais sobre a história da biologia!
Assim como a história
das ciências, a história da biologia foi um processo gradativo de construção de
conceitos e conhecimentos, sendo que muito do que em um determinado período foi
considerado “certo” foi provado depois por meio de evidências ser “errado”.
Desta forma, vemos que a biologia não é uma ciência com conhecimentos imutáveis
e eternos. O dogma central da biologia molecular, por exemplo, inicialmente
descrevia que o fluxo único de informação era DNA -> RNA -> proteína, mas
hoje sabemos que de uma molécula de RNA é possível a formação do DNA, graças à
descoberta da enzima transcriptase reversa, formando uma via de “mão dupla”.
Podemos dizer que,
apesar do termo biologia ter sido cunhado apenas no século XIX, possivelmente
por Jean-Baptiste Monet de Lamarck (embora existam divergências quanto a quem
batizou esse nome pela primeira vez) a biologia como forma de estudo dos seres
vivos e do que os rege sempre existiu, pois dessa forma o homem (e por que não
a civilização?) conseguiu lidar com muitas situações que enfrentou na vida: o
conhecimento sobre quais plantas poderiam ser usadas como remédio, veneno ou
comida é tão útil que até os ancestrais do homem moderno – chamados Cro-Magnon
- tinham.
Sabendo das
características biológicas das plantas o homem pôde cultivá-las para se
alimentar e produzir derivados, como a farinha. Podemos dizer que todos esses
conhecimentos foram fundamentais para o estabelecimento da sociedade sedentária
e para a construção das cidades. Os sumérios, por exemplo, se interessavam pela
fisiologia e anatomia humana e produziam remédios com alho, canela e outras
ervas. Os egípcios tinham conhecimentos do corpo humano que permitiram a
mumificação de corpos que os conservaram até hoje. Os chineses fizeram estudos
sobre plantas, animais e outros elementos da natureza como a água e a terra.
Na Grécia antiga foi
onde viveu Aristóteles, que foi considerado o primeiro grande biólogo. Além dos
primeiros estudos de classificação dos animais, ele chegou a dissecar moluscos,
cetáceos e até morcegos. Seus desenhos impressionaram até Charles Darwin!
Muitos séculos
depois, nos anos DC (depois de Cristo) tivemos a contribuição de grandes
pessoas para o desenvolvimento da biologia. Antes chamados de naturalistas –
pois eram estudiosos da história natural – eles fizeram observações que moldaram
novos conhecimentos. Não podemos deixar de citar Charles Darwin com os estudos
de evolução e origem das espécies e o monge Gregor Mendel com os estudos em
genética.
A partir dos anos 1950,
a biologia sofreu muitos avanços e em uma velocidade muito grande: passamos
pela descoberta da estrutura do DNA por James Watson e Francis Crick, dos
elementos genéticos móveis por Barbara McClintock até chegarmos na clonagem da
ovelha Dolly em 1997 e no sequenciamento do genoma humano em 1999. Todos esses
eventos levam alguns pesquisadores a afirmarem que vivemos no advento da
biologia molecular.
A biologia como um
todo da forma que hoje conhecemos envolve ainda outros ramos como a botânica, zoologia,
fisiologia, ecologia, anatomia, genética, microbiologia... Enfim, muitas áreas
para estudar, aventurar-se e apaixonar-se. O símbolo do curso de ciências
biológicas, que foi regulamentado no Brasil somente em 1979, tenta abranger
toda essa abundância de áreas que a biologia compreende (veja mais nesse link).
Como podemos ver a
biologia surgiu há muitos séculos e os conhecimentos biológicos foram muito
importantes para o estabelecimento da sociedade humana. Hoje em dia não só os
biólogos, mas todos que se preocupam com a natureza também têm a
responsabilidade de entender e preservar todas as formas de vida, pois sabemos
o quanto isso é importante. Por isso, no dia do
biólogo, vamos celebrar a beleza da vida e a importância de nosso papel
como guardiões/protetores da natureza!
Imagem 1: imagens do vídeo da BBC (link abaixo) que mostra parte da diversidade da vida! |
* No texto de hoje
deixo como sugestão um vídeo da BBC que mostra parte da complexidade do que é nosso
objeto de estudo: a VIDA! (imagem 1)
Por Nathália de Moraes
nathalia.esalq.bio@gmail.com
Referências bibliográficas
[1] Martins, L.A.P.
(1998). A história da ciência e o ensino da biologia. Jornal semestral do Grupo
de Estudo e Pesquisa em Ciência e Ensino. 5.
[2] Menezes, O. B.
(1986). Origem do termo biologia. Sitientibus.
3 (6): 63-69.
[3] Dalgalarrondo,P.
(2009) A evolução do cérebro. Editora Artmed. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=15P5_80ClGgC&pg=PA34&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false
[4] Araújo, M. F. F.
(2012). História da biologia. Natal: EDUFRN. 2ª ed. Disponível em: http://sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/site/pdf/biologia/Hist_Bio_LIVRO_IVA_WEB_071112.pdf
[5] Wikipédia.
(2015). Cronologia de história da biologia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_de_hist%C3%B3ria_da_biologia
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