Não
é estranho ao nosso vocabulário o termo terrorismo, em evidencia na mídia para designar
atos violentos praticados por determinado grupo contra governos e população,
como o que ocorreu recentemente à revista francesa Charlie Herbo. Porém, pouco
se fala dos diversos tipos de terrorismo que possam existir e um em especial
vêm chamando a atenção de especialistas da área. Você já ouviu falar de bioterrorismo?
A
palavra bioterrorismo é de origem recente, não sendo encontrado seu significado
em dicionários mais velhos, produzidos até 2010, ou em enciclopédias clássicas.
Isso por que o vocabulário “bioterrorismo” foi incorporado apenas recentemente
na linguagem, mais especificamente após o atentado terrorista ocorrido na
cidade de Nova Iorque, em 2001, onde ocorreram episódios de disseminação de
esporos de antraz (esporo de Bacillus anthracis) através do sistema
postal americano, tendo como consequência onze casos de antraz pulmonar, dos
quais cinco vieram a óbito.
Figura
1:
Foto de Bacillus anthracis, bactéria
causadora da doença conhecida como antraz (Fonte:http://www.everystockphoto.com/photo.php?imageId=1665184&searchId=1c96909750f0fb41a6f16acaa76ddd9f&npos=2).
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Apesar
de ser um termo novo, o bioterrorismo é apontado como uma prática já adotada há
muito tempo por diferentes povos. Estudos recentes datam do século XV a.C. o
primeiro ato de bioterrorismo, com a introdução de cepas de antraz no Egito,
causando a morte do próprio faraó e sendo descrita na Bíblia como a quinta
praga. No século XVI, com a chegada dos espanhóis ao México houve alta
mortalidade da população indígena local após contrair a varíola, doença trazida
por eles ao continente americano. Os espanhóis utilizaram-se disso para dizimar
a população local, abandonando objetos contaminados ou oferecendo-os como
presente aos índios.
Com
o advento do século XX, o desenvolvimento de novas tecnologias e pesquisas com
agentes biológicos da peste, antraz, cólera e outros, motivaram alguns países,
como Estados Unidos e a então União Soviética, a desenvolveram programas de
pesquisa com armas biológicas. Porém, ao perceber o potencial catastrófico que
essas armas poderiam causar a população e ao meio ambiente, instituições
internações pressionaram os países a assinarem, em 1975, um acordo multilateral
na Convenção sobre a Proibição de Armas Biológica (CPAB) impedindo a produção
dessa categoria de armas de destruição em massa. Com o tratado assinado era
esperado que agentes biológicos não fossem mais usados para fins de guerras e
bioterrorismo, porém não foi isso que ocorreu.
No
ano de 1979, foi detectado um surto de antraz na cidade de Sverdolovsk, na
antiga União Soviética, que foi atribuído inicialmente ao consumo de carne
contaminada. Posteriormente, verificou-se que o surto foi resultado da eliminação
de esporos de antraz vindo de um acidente ocorrido em uma instalação militar
que produzia a bactéria Bacillis
anthrancis mesmo com a participação da União Soviética do acordo da CPAB.
Um tempo depois, em 1985, uma seita no Oregon (EUA) utilizou a Salmonella Typhimurium na contaminação
de bufês de salada, causando gastroenterite em cerca de 750 pessoas.
O
ultimo caso registrado de bioterrorismo foi em 2003, na Carolina do Sul (EUA), onde
foi encontrado na sala de correspondência do escritório do senador americano
Bill Frist a substância tóxica ricina em uma carta endereçada à Casa Branca. No
Brasil até o presente momento não houve qualquer registro de possíveis ataques
bioterroristas. Mas estamos livres desse mal? Com a globalização mundial
devemos sim considerar uma ameaça real e a melhor forma de combate é o aceso a
informação, conhecimento e capacitação de profissionais responsáveis para agir
de forma rápida a qualquer evento dessa natureza, sendo capazes de dar
diagnósticos precisos, permitindo o tratamento das vítimas de forma eficaz.
Afinal, o bioterrorismo não é só uma questão militar, mas sim uma questão de
saúde pública.
Nathalia
Brancalleão
Fale
com a pesquisadora: na_brancalleao@hotmail.com
Referências Bibliográficas:
- Cardoso, D. R., & Cardoso, T. A. D. O. (2011). Bioterrorismo: dados
de uma história recente de riscos e incertezas. Cien Saude Colet, 16(Supl 1), 821-830.
- Grisolia, C. K. (2013). Bioterrorismo e a facilidade de acesso à
biotecnologia e seus insumos. Revista
Bioética, 21(2).
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