Desde o início de 2014
estamos vivendo uma crise de abastecimento de água nunca antes vivida no
Brasil. Passado dez meses, as chuvas ainda não vieram e vimos a crise se
espalhar por vários estados, afetando drasticamente a Região Sudeste. Nós,
brasileiros, estávamos acostumados a ver notícias sobre a seca na
Região Nordeste, mas de um tempo para cá quem vem ganhando espaço na
mídia é a Região Sudeste, considerada a região mais industrializada
do país.
A falta de água trouxe
drásticas consequências para os rios e reservatórios dessa região, como por
exemplo, o Sistema Cantareira que abastece mais de 6,5 milhões de pessoas da
região metropolitana de São Paulo. O nível de água deste sistema vem caindo
progressivamente, chegando a operar com 10,5% de sua capacidade no último
sábado (15), segundo a Sabesp, órgão responsável pelo gerenciamento deste sistema.
Os rios também estão sofrendo com a seca, com a diminuição da vazão de água e
altas taxas de mortalidade de peixes. Além disso, a seca vem afetando
diretamente a piracema, movimento dos cardumes rio acima para a desova,
prejudicando o ecossistema ao redor e podendo culminar na extinção de várias
espécies na região.
Rio Piracicaba em Piracicaba/SP em maio de
2014 (Foto: Nathalia Brancalleão).
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Especialistas da área são
categóricos em afirmar que a responsabilidade da seca que atinge a Região
Sudeste se deve, em parte, ao desmatamento desenfreado da Floresta Amazônica.
Nos últimos anos, aproximadamente 20% das árvores originais desse bioma vieram
ao chão por diversos motivos, como a expansão agropecuária, mineração e
extração de madeira. A redução da área de floresta nessa região altera o fluxo
de umidade entre as Regiões Norte e Sul do país.
Como isso ocorre? Simples, a
evaporação das águas do Oceano Atlântico formam as primeiras nuvens, que
através das correntes de ar são carregadas para a Amazônia e provocam grandes
chuvas. A água atinge a floresta e rapidamente evapora, formando mais nuvens,
que seguem para o oeste e são barradas pela Cordilheira dos Andes. Essas nuvens
acompanham o contorno das montanhas e seguem para as Regiões Centro-Oeste,
Sudeste e Sul do país, trazendo as chuvas para essas regiões.
A retirada da cobertura
vegetal da região amazônica interrompe o fluxo de umidade entre o solo e a
atmosfera. O fenômeno de transporte de grandes nuvens pelos ventos, da Amazônia
até as outras regiões do país, são chamados de “rios voadores”. Com o desmatamento
esses rios aéreos não conseguem percorrer o percurso necessário para chegar às
Regiões Centro-oeste e Sudeste, causando grave escassez hídrica. Para que
continuemos contando com os “rios voadores” que trazem parte da chuva para
nossa região, precisamos tomar algumas medidas mitigatórias e preventivas, para
que no futuro não tenhamos problemas tão sérios quanto os encontrados no
presente.
No entanto, a situação é tão
delicada que apenas cessar o desmatamento agora não seria
suficiente para reverter essa situação, assim será preciso reflorestar muitas
áreas já desmatadas. Essas medidas precisam ser executadas imediatamente para
tentar sanar os problemas já existentes e, ao mesmo tempo, ajudar a remediar
problemas futuros.
Enquanto esperamos as
autoridades tomarem atitudes eficazes para tentar combater essa crise de
abastecimento e seca que atinge a nossa região, podemos tomar atitudes simples
para tentar ajudar. É preciso economizar água, através do uso consciente deste
recurso, evitando o desperdiço com lavagens não necessárias, como utilizar
reservatórios para armazenar água da chuva ou até mesmo reutilizar a água
da máquina lava roupas para a lavagem de garagens e calçadas. Precisamos da
ajuda de todos para conseguimos superar essa crise e, quem sabe, com práticas
sustentáveis, construir um lugar melhor para as futuras gerações. Afinal, é
assim que você quer deixar o planeta para os seus filhos?
Por Nathalia
Brancalleão
na_brancalleao@hotmail.com
Referências:
[1]http://g1.globo.com/natureza/noticia/2014/10/novo-estudo-liga-desmatamento-da-amazonia-seca-no-pais.html, acessado em 15/11/2014.
[2] Viana, V. (2011). A
Amazônia e o interesse nacional. Artigo publicado na Revista Política
Externa, volume, (19).
[3] Nobre, A. D. O Futuro
Climático da Amazônia.
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